89% dos CISOs relatam que a rápida implementação de serviços digitais gerou riscos imprevistos; saiba detalhes

por | julho 2023 | Blog | 0 Comentários

A rápida digitalização dos serviços tem sido um marco distintivo dos últimos anos, revolucionando setores inteiros e modificando a forma como conduzimos os negócios. No entanto, junto com essa transformação acelerada, surgem novos riscos e desafios. Em particular, a segurança da informação se tornou uma questão central para as organizações em todo o mundo, já que a proteção de dados críticos passou a ser uma necessidade premente na era digital.

A este respeito, o novo relatório “State of the CISO”, produzido pela Salt Security, traz uma luz sobre a visão dos Chefes de Segurança da Informação, ou CISOs (Chief Information Security Officers), a respeito deste cenário em constante evolução. A pesquisa, que foi realizada pela Global Surveyz e abrangeu 300 CISOs em todo o mundo, trouxe uma estatística alarmante: 89% dos entrevistados relataram que o ritmo acelerado de crescimento da economia digital introduziu riscos de segurança imprevistos para suas organizações.

Este dado salienta uma importante realidade que vivemos atualmente: ao passo que buscamos aproveitar as vantagens da digitalização, estamos também nos expondo a vulnerabilidades e desafios inéditos no campo da segurança da informação. Neste post, vamos aprofundar os resultados dessa pesquisa e discutir as principais preocupações dos CISOs brasileiros, bem como entender as tendências globais que estão moldando o futuro da cibersegurança.

A adoção de APIs e suas implicações de segurança

As APIs, ou Interfaces de Programação de Aplicações, tornaram-se uma componente indispensável do ecossistema digital. Elas atuam como pontes entre diferentes programas de software, permitindo que eles se comuniquem e interajam de maneira eficiente. Este aspecto de conexão entre sistemas torna as APIs um elemento fundamental para a economia digital, presente em tudo, desde as aplicações mais simples do nosso dia a dia até operações empresariais complexas.

No entanto, a adoção generalizada de APIs tem um lado menos visível que preocupa muitos CISOs. De acordo com o relatório “State of the CISO”, 40% dos CISOs brasileiros identificaram a adoção de APIs como a principal lacuna no controle de segurança. Este número, ainda que ligeiramente acima da média global de 37%, ilustra o crescente desafio que as APIs representam para a segurança digital.

As APIs, por sua própria natureza de interconexão, apresentam um potencial alvo para cibercriminosos. Cada API implementada representa um ponto de acesso a um sistema ou rede que precisa ser adequadamente protegido. Contudo, as APIs não estão presentes apenas nas interfaces com os usuários, elas também desempenham papéis críticos na cadeia de suprimentos, na integração de fornecedores terceirizados e nos aplicativos em nuvem. Isso significa que, enquanto as APIs facilitam a eficiência e a integração dos serviços, também multiplicam os potenciais pontos de vulnerabilidade que os criminosos podem explorar.

É fundamental que, ao implementar APIs, as organizações adotem uma abordagem de segurança robusta. A segurança de APIs envolve medidas de proteção que vão desde o design e o desenvolvimento até a implementação e o monitoramento contínuo. Com uma compreensão clara dos riscos associados e um plano de segurança bem elaborado, é possível mitigar as ameaças e garantir que a adoção de APIs traga mais benefícios do que problemas.

Desafios na segurança da informação no Brasil

Em um ambiente de rápida digitalização, os CISOs brasileiros enfrentam uma série de desafios na segurança da informação. O relatório da Salt Security destaca várias lacunas no controle de segurança, classificadas em ordem de preocupação pelos profissionais de segurança da informação no Brasil.

Além da adoção de APIs, que já discutimos, a gestão de cadeia de suprimentos e fornecedores terceirizados foi identificada como um problema significativo, com 38% dos CISOs brasileiros apontando esta área como uma preocupação. O gerenciamento incompleto de vulnerabilidades e a presença de software e hardware desatualizados também foram citados por 35% dos CISOs. A adoção da nuvem e a existência de Shadow IT, sistemas não autorizados dentro das organizações, completam a lista, com 33% dos CISOs expressando preocupações nessas áreas.

Uma descoberta particularmente notável no relatório é a dificuldade de obter apoio das partes interessadas para iniciativas de segurança, uma preocupação para 37% dos CISOs brasileiros, um número 6% acima da média mundial. Esta situação sugere que ainda existem desafios na comunicação e na compreensão mútua entre os responsáveis pela segurança da informação e os tomadores de decisão das organizações.

Este cenário evidencia a necessidade dos CISOs de se alinharem mais estreitamente com as áreas de negócios e financeira, uma vez que uma compreensão mais clara dos riscos de segurança pode levar a decisões mais informadas e à adoção de medidas de proteção mais eficazes.

O cenário de segurança da informação no Brasil é complexo e multifacetado, exigindo uma abordagem holística que não leve em conta apenas as questões técnicas, mas também as questões organizacionais e de gestão. A medida em que as organizações se tornam cada vez mais digitais, esses desafios continuarão a evoluir, e a habilidade de se adaptar a essas mudanças será crucial para a segurança no futuro.

O papel e as preocupações dos CISOs na era digital

Na era da digitalização acelerada, o papel do CISO tem se tornado cada vez mais crucial, mas também cada vez mais desafiador. Cabe a eles a tarefa complexa de equilibrar a inovação e a eficiência com a proteção dos dados e a segurança dos sistemas.

Entre as preocupações mais expressas pelos CISOs brasileiros no relatório “State of the CISO”, o “aumento do risco/responsabilidade pessoal” surgiu como a principal inquietação, um percentual 8% maior que a média global. Esse dado reflete a crescente pressão sobre os CISOs diante da ampliação dos potenciais riscos de segurança gerados pelas iniciativas de transformação digital.

Além disso, questões como “aumento de responsabilidades e tempo insuficiente para cumprir”, “equipes maiores para gerenciar”, “maior estresse relacionado ao trabalho”, “falta de tempo pessoal” e “preocupações com litígios pessoais decorrentes de violações” também foram citadas. Cada uma dessas preocupações revela o desafio de navegar por um ambiente digital cada vez mais complexo e volátil, onde a necessidade de segurança é uma constante.

Outra preocupação significativa para os CISOs brasileiros é a aquisição e retenção de talentos qualificados em cibersegurança. Incrivelmente, 97% dos CISOs no Brasil consideram este o desafio mais importante para seu trabalho. A formação de profissionais qualificados não tem acompanhado o crescimento acelerado do setor de TI no Brasil, o que gera uma acirrada disputa pelos profissionais aptos a desempenhar funções em áreas de alta demanda, como desenvolvimento de software, análise de dados, segurança cibernética e inteligência artificial.

No final das contas, na era da transformação digital, o papel dos CISOs é fundamental para equilibrar as demandas da inovação digital com a necessidade de manter a segurança e a integridade dos dados. Para superar os desafios presentes e futuros, os CISOs devem permanecer atualizados com as últimas tendências e tecnologias, além de cultivar uma cultura de segurança dentro de suas organizações. Isso exige não apenas habilidades técnicas, mas também uma forte liderança, habilidades de comunicação eficazes e a capacidade de influenciar decisões em todos os níveis da organização.

Tendências globais e seu impacto na cibersegurança

As tendências globais têm um impacto significativo na cibersegurança, influenciando a maneira como os profissionais abordam a proteção de dados e a segurança de sistemas. Para os CISOs brasileiros, entender essas tendências é fundamental para planejar e implementar estratégias eficazes de segurança da informação.

Entre as tendências mais impactantes identificadas pelos CISOs brasileiros, a velocidade de adoção da Inteligência Artificial (IA) destaca-se. A IA está cada vez mais sendo usada para melhorar a segurança, por meio de detecção e resposta a ameaças automatizadas, reconhecimento de padrões em grandes conjuntos de dados e outras funcionalidades avançadas. No entanto, a adoção rápida da IA também gera novos desafios de segurança, incluindo a possibilidade de IA maliciosa e a necessidade de proteger os sistemas de IA contra ataques. Para 94% dos CISOs globais, a adoção da IA é a macrodinâmica que tem o maior impacto em seu papel.

A incerteza macroeconômica, que é igual à média mundial de 93%, também é uma preocupação significativa. Questões como recessões, crises econômicas e mudanças na política econômica podem impactar os orçamentos de segurança, a disponibilidade de profissionais qualificados e a capacidade das organizações de investir em novas tecnologias e infraestruturas.

Além disso, o clima geopolítico é uma questão crescente na cibersegurança. Ataques cibernéticos patrocinados por estados, guerras cibernéticas e a diferença nas regulamentações de cibersegurança entre países são algumas das maneiras pelas quais a geopolítica está influenciando a cibersegurança.

As tendências globais são um lembrete de que a cibersegurança não está isolada, mas está intrinsecamente ligada a uma variedade de fatores globais. Para serem eficazes, os CISOs e suas equipes precisam não apenas entender as tecnologias e técnicas de cibersegurança, mas também ter uma compreensão clara do ambiente global em que estão operando.

Conclusão e passos futuros

A transformação digital e a rápida implantação de serviços digitais não mostram sinais de desaceleração. Na verdade, estão criando oportunidades incríveis para inovação e eficiência. No entanto, como evidenciado pelos dados do relatório “State of the CISO”, também estão introduzindo novos e significativos riscos de segurança. Para mitigar esses riscos, é fundamental entender e abordar as principais preocupações dos CISOs.

Os resultados do relatório indicam que os CISOs brasileiros veem a adoção de APIs como a principal lacuna no controle de segurança, um ponto de vista que é corroborado por CISOs ao redor do mundo. Esta preocupação é apenas um reflexo de uma realidade mais ampla: o ecossistema de segurança está evoluindo tão rapidamente quanto o cenário de ameaças, e para proteger eficazmente suas organizações, os CISOs devem permanecer atualizados com as últimas tendências e tecnologias.

Ao mesmo tempo, os CISOs também estão lidando com a pressão de desafios pessoais, como o aumento da responsabilidade e do estresse. Nesse contexto, é importante para os líderes das organizações entenderem as demandas sobre seus CISOs e oferecerem apoio necessário.

Olhando para o futuro, um dado interessante do relatório é que 95% dos CISOs planejam priorizar a segurança da API nos próximos dois anos. Isso indica que, embora os desafios sejam consideráveis, os líderes de segurança da informação estão tomando medidas para se adaptar e se preparar.

Além disso, a aquisição e retenção de talentos qualificados em cibersegurança são consideradas pelos CISOs brasileiros como um desafio significativo. Isso sugere a necessidade de se investir mais em formação e desenvolvimento de talentos na área de cibersegurança.

Os desafios são muitos, mas a determinação e o foco dos CISOs em se adaptar e inovar nos dão razões para sermos otimistas. A segurança da informação é uma jornada, não um destino, e o caminho à frente, embora incerto, é cheio de oportunidades para aqueles dispostos a abraçá-lo.