Quando se fala em cibersegurança corporativa, a primeira imagem que vem à mente costuma ser uma lista de ferramentas técnicas: firewalls, EDRs, SIEM, SOCs, backup robusto, criptografia ponta a ponta. E, de fato, são pilares indispensáveis para qualquer ambiente protegido. Mas na prática, é o comportamento humano que abre, ou fecha, a porta para um ataque bem-sucedido.
Os números não mentem: só em 2024, o prejuízo com crimes cibernéticos nos EUA passou de 16 bilhões de dólares. E a origem dessas perdas? Em grande parte, erros humanos: senhas fracas, dados expostos por descuido, dispositivos não bloqueados, cliques em links maliciosos.
É aqui que a discussão se torna estratégica: a tecnologia sozinha não cobre a lacuna humana, mas é justamente nela que mora a maior oportunidade de evolução. Robert B. Cialdini, referência mundial em ciência da persuasão, aponta que o comportamento coletivo pode ser moldado quando se entende como a influência funciona de forma ética, ancorada na confiança e no propósito comum.
Foi dessa premissa que nasceu o Core Motives Model, de Gregory P.M. Neidert, que propõe uma estrutura clara para transformar boas intenções em ação prática. Na essência, a fórmula é simples: Conectar, Reduzir Incertezas e Inspirar Ação.
Conectar: Nenhum líder constrói cultura se não for visto como parte do mesmo “nós”. Em segurança, isso significa derrubar barreiras entre TI, negócios e operações. Um CEO que participa de um teste de crise cibernética ou um gestor que admite não saber tudo sobre phishing mostra vulnerabilidade, gera confiança e cria abertura para o diálogo.
Reduzir Incertezas: Ninguém muda comportamento se não entender por quê. Executivos que atuam como “embaixadores” de boas práticas, destacam histórias reais e celebram conquistas de quem age corretamente tornam o tema vivo e palpável. Um alerta seco por e-mail não tem o mesmo efeito de ver pares seguindo o protocolo.
Inspirar Ação: E mesmo assim, saber não basta. As pessoas precisam de lembretes constantes, reforços positivos e, em alguns casos, incentivo competitivo saudável. Empresas que estimulam compromissos públicos, seja com adesão a políticas de segurança, seja por programas de “segurança gamificada”, criam o senso de pertencimento. E aqui entra o poder da reciprocidade: quando alguém sente que recebe cuidado genuíno, retribui com responsabilidade.
Por trás desses pilares está a essência do que Robert B. Cialdini defende há décadas: influência não é manipulação, mas a arte de alinhar objetivos individuais a um bem coletivo. Aplicado à segurança, isso significa construir uma cultura que sobrevive a rotatividade de pessoas, mudanças de gestão ou novos vetores de ataque.
Para qualquer diretor de tecnologia ou parceiro de canal, a lição é clara: cultura de cibersegurança não é uma camada a mais, é a argamassa invisível que sustenta todas as outras. Sem ela, até o melhor sistema pode ruir. E quem entendeu isso já está anos à frente no jogo.
Na M3Corp, apoiamos não só com tecnologia de ponta, mas também com programas de capacitação, materiais de apoio e relacionamento próximo para que seus projetos façam sentido na prática e não fiquem só no papel. É assim que transformamos soluções em valor real, para quem revende, para quem protege e para quem confia em cada login.
Fonte: https://hbr.org/2025/06/create-a-company-culture-that-takes-cybersecurity-seriously