Nos últimos anos, quem trabalha com cibersegurança percebeu uma mudança silenciosa, mas profunda. Os ambientes ficaram mais dinâmicos. As aplicações são liberadas em ciclos cada vez mais curtos. APIs se multiplicam entre times e produtos. E, enquanto isso, os atacantes encontraram na IA o combustível perfeito para ampliar escala, velocidade e automação.
É nesse cenário que a notícia da aquisição da Mayhem Security pela Bugcrowd, anunciada em novembro de 2025, ganha um significado especial. Não é apenas mais um movimento corporativo. É um indício claro de para onde o futuro dos testes de segurança está apontando, um modelo híbrido, adaptativo e orientado a risco. E, sim, isso tem impacto direto para o ecossistema de cibersegurança brasileiro e para os parceiros que atuam com a M3Corp.
Por que essa aquisição importa (e muito)
Para entender o peso dessa união, vale recordar quem são as duas empresas.
A Bugcrowd foi uma das primeiras a transformar a “inteligência da multidão” em uma metodologia de segurança. Bug bounties, VDPs e pentests flexíveis tornaram-se parte da rotina de grandes organizações graças à empresa.
A Mayhem, por outro lado, nasceu da pesquisa acadêmica e da engenharia de IA ofensiva. Seu modelo venceu o DARPA Cyber Grand Challenge, um marco histórico que provou que máquinas podiam encontrar, explorar e até corrigir vulnerabilidades de forma autônoma.
Colocar essas duas forças no mesmo lugar cria algo que o mercado perseguia há anos, mas ainda não tinha alcançado: uma plataforma de testes contínuos que combina a criatividade humana com a automação ofensiva avançada.
E isso muda tudo.
A nova lógica dos testes de segurança
Se antes os testes eram eventos programados (um pentest por trimestre, um scan por semana), o mundo atual exige algo diferente: testes vivos, que acompanham o ritmo dos times de desenvolvimento, dos pipelines de CI/CD e do próprio ambiente em execução.
A união entre Bugcrowd e Mayhem escancara essa necessidade e consolida três pilares que devem dominar o mercado nos próximos anos.
1. Testes dentro do pipeline, e não ao final dele
Com a automação da Mayhem, falhas podem ser encontradas no início do desenvolvimento, quando ainda são baratas e rápidas de corrigir. Nada de relatórios gigantes entregues semanas depois, o feedback chega no mesmo ciclo em que o código foi escrito.
Isso reduz ruído, prioriza evidências reais e aproxima Dev + Security de forma natural.
2. Inteligência humana para falhas complexas
A automação faz muito, mas não tudo. Ataques de lógica de negócio, cenários multi-stage e exploração criativa continuam sendo território humano. Aqui entram os pesquisadores, red teamers e hackers éticos da comunidade Bugcrowd, capazes de identificar pontos cegos que nenhuma máquina, por mais treinada, conseguiria prever.
É a união do previsível com o imprevisível, do técnico com o intuitivo.
3. Testes guiados por risco real, não por calendário
Com IA + comunidade trabalhando juntas, o modelo deixa de ser reativo. A própria plataforma identifica o que precisa ser testado, quando e com qual profundidade.
Em vez de “fazer pentest a cada seis meses”, as organizações passam a operar em estado contínuo de verificação, como acontecia com observabilidade antes de virar commodity.
O que isso significa para o canal atendido pela M3Corp
O movimento é um sinal claro para revendas, integradores, MSSPs e consultorias brasileiras: a demanda por validação ofensiva contínua só tende a crescer.
E ela, para além da Bugcrowd, conversa diretamente com soluções que estão no ecossistema da M3Corp, como:
- Salt Security (proteção profunda de APIs, onde muitas falhas críticas residem);
- CrowdStrike (XDR e exposições validadas por telemetria em tempo real);
- Qualys (TruRisk, VMDR, análise contínua de superfície de ataque e CSPM);
- Armis (visibilidade e risco em ambientes OT/ICS);
- Delinea e Zero Trust baseado em privilégio.
A convergência é clara: empresas brasileiras buscarão soluções e serviços que unam visibilidade + automação + validação ofensiva.
E isso abre espaço para novos serviços que o canal pode (e deve) desenvolver:
- Avaliações contínuas de risco em ambientes multicloud;
- Governança e proteção de APIs com foco em integrações e IA;
- Serviços gerenciados com cobertura NDR/XDR e validação ofensiva;
- Consultorias de DevSecOps com foco em pipelines seguros;
- Ofertas integradas de AppSec, API Security, IAM, Zero Trust e CSPM.
Em outras palavras: estamos entrando na era da segurança adaptativa, não entregando apenas proteção, mas validação constante.
A conclusão inevitável: o futuro será híbrido
O recado por trás da aquisição é simples e poderoso: o futuro dos testes de segurança será contínuo, automatizado, impulsionado por IA e enriquecido pela criatividade humana.
Essa combinação de velocidade + profundidade é o que vai definir a maturidade das empresas nos próximos anos.
E para o canal que atua com a M3Corp, isso não é apenas um sinal. É uma oportunidade.
As organizações brasileiras já entenderam que vulnerabilidades não são mais eventos isolados: são um fluxo interminável.
Quem conseguir oferecer soluções e serviços alinhados a essa realidade estará um passo à frente.
Esse é o momento de se preparar para ela.
Fonte: https://www.bugcrowd.com/blog/bugcrowd-acquires-mayhem-security-redefining-ai-powered-security-testing/


